domingo, 29 de maio de 2011

SI CONTRA SI


Muitas vezes, haverá imagens que dominarão a razão e motivarão a ira dos mares interiores...
Entrará em vigor, feito uma taipa protetora, a espiritualidade.

Deverá ser lúcido o ser, pois o desafio é uma luta íntima contra os erros que se transformarão em ensinamentos, se a mente estiver revestida de bem querer.
        
Acalme-se guerreiro, essa guerra não sangra, pois o sangue da alma é branco e une todos os seres, inclusive no alívio das guerras de si contra si.

Lucidez...  Ame-se, acalme-se, aceite-se... e – definitivamente -  queira-se  bem... nós te queremos, nós que aqui, depois de cruzadas evoluções, caminhadas pelo umbral do desconforto, clareamos os passos por identificarmos na encruzilhada do erro, o acerto.
Escreveremos por tua mão, falaremos pela tua boca e cantaremos pela tua alma vocal.
         Estenda a mão ao mais longínquo ou próximo... e, quando sanarem as dores, compreenderás o real poder das palavras: irmão, amor e espírito.

           Há um poema livre no pranto lírico da fauna, um aroma hipnótico que nos oferta a reconstrução do corpo, totalmente gratuito na flora da vida.

         Guerreiro, respire esse ar!  Ele é teu canto e inundará os lares, reforçando o abraço familiar...  e que revitalizará o apego à terra, tão necessário para a vindoura luta em defesa dela.

         É na guerra íntima, que sabemos bem, quem são os vencedores e os vencidos, que na mais pura das realidades não existem, por que no fundo de nossos seres, somos  nós quem criamos guerras e mares a separarem nossas emoções e reflexões.
        
A vida se reflete na água pura da sanga, não no sangue de nossas lágrimas ou nas mais profundas lamentações de almas ainda inquietas à procura do maior de todos os tesouros:     nós mesmos!
          

Tenham uma importante semana.


Lisandro Amaral

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Carta Aberta

Amigos, boa tarde

Para os inúmeros conhecidos e desconhecidos, que aqui caminham comigo na estrada do "sabiá andarilho",  entrego um convite para pensarmos juntos, neste momento que o autor, no caso Lisandro e obviamente eu,  se entente ser pequeno, perante a grande caminhada vindoura, e os passos dados até este momento. Porém, consciente que as previsões após o elevado e comemorado número de visualizações deste diário, que neste momento em que escrevo marca 5.843 acessos. Expressivo número que realmente me orgulha, se tratando de termos completado apenas um mês de encontro neste espaço.

 Entrego a todos com carinho e desprovido da vaidade costumeira dos artistas, mas sim envolvido de orgulho compreensível, uma carta que recebi, após a apresentação no Sarau da Rádiosul.net, na Capital Porto Alegre. Noite esta, que realmente identifiquei como diferenciada nos meus 10 anos de palco, pelas tantas apresentações que levaram e levam meu trabalho "individual",  e ao mesmo tempo, em conjunto com está família que, sensivelmente, compõe a história de um compositor, que um dia deu-se o direito interior de cantar...   preocupando-se  apenas com a importância de manter estas precisões externadas e evidentes...

Com vocês as palavras de Vinicius Peixoto


Olá Lisandro

   Venho mais uma vez em forma de carta – onde melhor sei expressar-me – para relatar a minha impressão sobre a tua apresentação musical em Porto Alegre.
 
 Valoro canto que depositaste nas sequiosas almas presentes... precioso ensinamento e testemunho do clamor da terra.
  
   Obrigado pela humildade nobre de convidar-me a sentar a tua mesa e poder partilhar de um mágico momento com os teus soldados, o qual tenho que lembrar-me em elogio. Que sublime energia positiva emanada por aqueles rapazes que te acompanham! Que precioso caráter a alma dos teus amadrinhadores. Senti-me muito à vontade de estar com vós naquele momento de comunhão! Não me resta menos que o sentimento de gratidão.

   Caro irmão da terra – a que me enobrece ao chamar-me de amigo, o qual não me sinto merecido diante de tão brilhante talento e dons espirituais personificados em vossa figura – falaste no teu idioma e cantaste com a voz de todos os tempos! Em carne permanecia entre nós, porém a alma – evoluída – transcendeu e compreendeu o raciocínio do espírito do próprio chão; estás além do que estás!

   O timbre do teu cantar te farta a matéria de coisas desconhecidas... é como um campanário – onde o mesmo tom anuncia a morte e a vida. Um brado escondido se mescla com o pranto índio mais antigo, onde o minuano, charrua e guarani se fazem mesclar no espelho de nossa raça. Ouvi o espanhol, o português, o guarani; ouvi os segredos do índio infiel – alcunha antiga dos pampeanos! Levas certamente, os primeiros contigo e com os teus exímios soldados para o combate eterno que iniciou na pampa, e que jamais encontrará o fim...

   Fecho os meus pensares encurtando as minhas ânsias... De todos que hão, penso eu ser tu... o único que traduziu corretamente a língua dos ventos. Continues, pois o texto está apenas no início!

                      Com o meu respeito e compreendimento, Vinícius Peixoto.

Viamão, 21 de maio de 2011.  

quarta-feira, 18 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

AGUAR O BEM PELA RAIZ



Durante o percurso vital da humanidade, muitas manifestações deixaram vestígios nos movimentos de busca da cura corporal. Várias doenças surgiram, deixaram estatísticas e, entre elas, muitas foram extintas por intervenções das ciências desenvolvidas pelo homem, e muitas surgiram, surgem e seguirão surgindo pelo nosso percurso carnal.

Vários nomes, usando também os três tempos, determinam a história da medicina: suas glórias, mistérios e derrotas.

Pergunto aos leitores desse espaço: quem de nós procura  - realmente - conhecimento e ajuda para a cura ou prevenção das doenças do espírito? Estas, que não nos abandonam sem o devido cuidado, ou, definição de consciência da manifestação sintomática. Quantos de nós, infectados pelo vírus do mal, contagiamos o meio onde vivemos, de angustias e indagações, que se manifestam nas atitudes de egoísmo que jorramos descontroladamente e diariamente sem a percepção devida.

E o ódio? Notado nos passos que nos faz indiferentes à fraternidade que mora no ser limpo e devidamente espiritualizado.


Após andar bebendo algumas gotas no açude grande da doutrina "ALÉM DAQUI",  reescrevo minha história de homem que engatinha neste plano.

 Indagações surgem e respostas se mostram nas evidências do dia-a-dia. Porém, aceitar mudanças e principalmente mudar é, comparando às dores do corpo, a grande dificuldade nesta perpétua doença da alma.


O amigo e o parente que parte, o casamento que sucumbe nas indiferenças e, insatisfeito, tomba... o negócio que sonhamos ser o mais importante para firmar a corrente financeira, aliada a felicidade, que não se concretiza. Causando a velha indagação:

Por que senhor?

Neste momento o recurso que defino como base espiritual, entra em cena, é a velha calma da sabedoria que fala mais alto e nos coloca frente aos problemas com a postura adequada de aceitação, ou reação.

Temos todos, os devidos amuletos, que devem ser usados em situações apropriadas...


Aquela oração que a avó deixou, a música que nos santifica... ou, um lugar que nos passa a paz devida no toque abençoado da natureza...

Tenho aromas que identificam o antídoto da coragem de renascer em novos passos: o cheiro dos meus filhos, engarrafado num abraço, onde sugo – positivamente – o que eles têm de mais e melhor...  o cheiro forte e encorajador, dos meus cavalos, em especial aquele que monto no determinado dia, como um escolhido, para com seu vigor arremessar-se comigo – guerreiro e templo caminhante –

Aromas de incentivos para meu amanhã e guardiões do hoje!

Previsões de felicidade que proíbo cortarem o bem pela raiz...

Mantenho, por manipulador,  pessoas e coisas na distância perfeita para enxergá-las, respirá-las e devolve-las no meu canto "ao mundo que ouve”...  para que me percebam...

EM PÉ.

Perpétuo EU!


As enfermidades do espírito estão muito além da visão física, em muitas vezes, entram em evidência nas manifestações do ser despreparado.

Chegar a esta auto conclusão, é o mais difícil.

Retirar-se, não é o mesmo que fugir... dar-se um tempo de reflexão solitária... não é o mesmo que abandonar o "bando".

TENHAM UMA IMPORTANTE SEMANA

UM DIA APÓS O OUTRO...

E não esqueçam DE REGAR

                                               O BEM PELA RAIZ.


Lisandro Amaral


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quarta-feira, 11 de maio de 2011

IMAGEM

                                                            foto Alexandre Teixeira

No dia 14, deste mês, estarei na cidade de Santa Cruz do Sul, a convite da Faculdade Dom Alberto, para uma oficina poética...
            O convite foi feito há meses, e mesmo assim, ainda me assusto com a idéia.
Como pode um "verseador" crioulo explicar para um público, na maioria composto por estudantes e possivelmente já graduados e conceituados profissionais de diversas áreas?
            Bueno... a naturalidade e a coragem sempre foram a arma principal quando me coloco - guerreiro das palavras - e delas tiro meu sustento e alívio, mesmo que às vezes doam no tema – transformado em canto popular.
            A poesia, para mim, sempre foi e será a imagem transmitida ao papel, ou à mente, no caso dos tantos poetas genuínos que nem mesmo o nome aprenderam a assinar e imprimem nos palcos galponeros a poesia dos fogões, infelizmente em fase terminal, desde a prevista extinção do universo imenso e puro que nutriu a imaginação de quem povoou carreiradas, marcações e o diário poético do gaúcho campo a fora.
Voam por aí, com asas de vento, aceitáveis versos de mentes inteligentes que dominam a palavra e as acomodam dentro de conhecidos formatos de versos, que divulgados aos quatro ventos, com o garbo da vaidade compreensível... os intitulam POETAS. Mas... o que é realmente poesia?
A tarde recolhe o manto,
- carqueja e caraguatá,
Na corticeira um sabiá
Floreia o último canto!
Alargando o gargarejo
Da sanga que se desmancha,
 Há um eco pedindo cancha,
No primitivo falquejo;
A lua nasce num beijo
Prateando o lombo do cerro
E um grilo acorda o cincerro
Do meu retiro de andejo!

Jayme Caetano Braun, intitulou-se: payador, não ostentou o perseguido título de poeta.   E acima, num fragmento do poema Paisagens Perdidas, está a poesia que refiro ter sido colhida na imagem que nutre as necessidades dos leitores, que sedentos amanhecem e mergulham - madrugada a dentro -  ultrapassando barreiras de tempo e lugar, pois a poesia é o portal de quem não se contenta em habitar somente este mundo frio das palavras inteligentes, vindas de mentes brilhantes, porém sem a metafórica alquimia das geadas...
Pero aún tengo la pasión, el ardor, el ánsia de cantar...
Bebo la luz, los besos y el vino... por los que no están...
Y alzo este Grillo loco de amor por uma estrella fugaz.

Osíris Rodriguez Castillos, acima citado em seu inédito Tiempo de Jacarandá, e por ter impresso, ao meu ver e de muitos, a poesia "del gaucho" em seu esplendor de existência libertária, não conquistou o direito de nos negar o brasão de poeta entre os maiores. E aqui me ajoelho emocionado e incapaz de reverenciá-lo à altura.
Mestre...
jamás se olvidará tu grillo...
en el alma de los nocheros
bajo el ultimo lucero
que aqui es luz perseguida...
atando la cruz de tu vida
con cuerdas de mil guitarras
que vivem sobre mis garras
hecho una estrella encendida...

Sonhar um mundo melhor tem sido missão de muitos, motivos de vida de tantos. E a poesia está ligada ao tempo que nos dedicamos a reverenciar o silêncio dos poetas... suas imagens interiores e exteriores, que nos chegam provocando inúmeras sensações de bem estar, que fazem pensar: como explicar a poesia se não de maneira convidativa?
Pousem amigos leitores...
Renovem a força do olhar, respirem o que realmente é necessário à sobrevivência dos sensíveis...

Yo no soy cantor letrao,
Mas si me pongo a cantar
No tengo cuándo acabar
Y me envejezco cantando:
Las coplas me van brotando
Como agua de manantial.

Salve José Hernandez! Salve todos aqueles, que feito o pensador cubano José Marti cultivaram rosas brancas de poesia.

Cultivo una rosa blanca
en junio como en enero
para el amigo sincero
que me da su mano franca.
Y para el cruel que me arranca
el corazón con que vivo,
cardo ni ortiga cultivo;
cultivo una rosa blanca.


Tenham um bom dia.

domingo, 8 de maio de 2011

O SENTIDO DA SAUDADE


Boa noite amigos.
Estou aguardando a revisão de um novo texto, e aproveito este recado para lhes oferecer um vídeo que me foi encaminhado por email pelo amigo Luiz Marenco. Gostaria de deixá-lo aqui para reflexão de todos. Sigam o endereço abaixo:
Aproveitando também, o conteúdo que encontrarão nele, desejo a todas as mães, nesta data emocionante que comemoramos, principalmente na reflexão interior, os votos de fraterno carinho. E que recebam, aqui, meu intenso aplauso...  mulheres que ocupam e levam a sério a coroa recebida, para o verbalmente inexplicável, sentimento do reinado materno...  
Apenas quem voar um dia, saberá o valor real de não ter asas...
Apenas quem cuida, sabe o real significado de gerar e ter afeto...
                      
  “Saudade é o amor que fica...”

            E eu sinto todos os dias – MÃE – o real sentido da saudade...
 
OBRIGADO

Um grande abraço e aguardem novo texto.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Alambrado do Tempo



No interminável caminho a ser descrito pelos passos do andante, que ainda observa, e pensativo imagina...  encontro-me a cavalo mais uma vez. 
Duas éguas: a gateada Chacarera e a rosilha Union, sustentam e conduzem, cada qual com sua história, minha vida de determinado cavaleiro, na infinita fusão gaúcho/cavalo/estrada e pensamento!
Na quinta-feira, 28 deste lindo mês de maio, eram sete horas do amanhecer quando eu já cruzava o povoadito de SÃO MARTIM, região norte da cidade de Bagé.
Havia pousado no estabelecimento do amigo Claudio Falcão de Azevedo, que gentilmente concedeu-me uma semana de pastoreio para as já citadas companheiras de estrada. Rumava para o consagrado CTG 93, que dali, distava uns 18 km, e seria palco, a partir da tarde, de uma festa campeira em comemoração ao dia do trabalhador, neste caso o rural.
O povoado acordava calmamente...  misturando aromas de fogão a lenha, com os diversos cheiros do gado tambeiro e do bicharedo, das muitas chacrinhas que amanheciam no meu rincão.
Eu, de a cavalo e obviamente feliz, eles... habitantes dali, bocejavam mais um dia, mastigado de pobreza, no incerto da sobrevivência dos que têm pouco, e muitas vezes não raciocinam  por qual motivo lhes foi reservado o amanhecer do pouco para o anoitecer do nada...
"Trotiei" mais forte, com ganas de galopear... e tive que sujeitar e ordenar o tranco a rosilha, pois avistei na minha esquerda, já no chamado corredor da produção,  deixando pra trás a coxilha do fogo, um ranchito  muito pobre, cercado por restos de arames, apoiados na linha do alambrado real do corredor que lhe aceitara como vizinho. Feito a garcinha campeira que aguarda as sobras e belisca insetos nos vestígios do universo animal do dia-a-dia do sobreviver. Ali estava e está mais um ranchito por fora e tapera por dentro.
Era o gaúcho sem nome, o negro velho que acenou minha cruzada... não sabia ele, que eu feito a garça, vivo das façanhas campo a fora que ele deixou ...  ou foi obrigado a deixar...
Senti vergonha e orgulho...  indignação e vontade de reagir. Mas como? Se o reflexo de gerações e gerações da desigualdade social e abandono ao operário rural, que ao se sentir bicho, abre as asas da liberdade e salta para o abismo do nada. Começa a queda livre do mundo real. Presa fácil, consumida e ruminada no corredor verídico do incapaz, pois forçado a extrair-se do seu meio, perde o poder máximo das mãos. E quando lhes decepam a principal força que adquire quando: embuçá-la, estriva-se e monta... GIGANTESCO FRUTO no galho mais alto da árvore campestre que pariu estâncias, progrediu famílias e alicerçou sonhos de muitos e aguçou a ganância de tantos...
 O gaúcho sem nome e sem asas, que juntou tropilhas gordas e adelgaçadas, para as fainas brutas que revitalizam o âmago do filho do campo...  que sempre “quis os campos da estância, mas muito mais que o patrão”, veste a pilcha do despachado, perfeitamente previsto nos versos de Aureliano de Figueiredo Pinto, e morre aos poucos na soga atada ao alambrado do tempo.
Quem nasceu pra ser matungo...
Basteriado, geme ao tranco!!!
Casco quebrado da pedra
Acostumou-se a ser manco.

Com estes fragmento da Milonga Feito Alpargata, deixo para o reflexo do leitor, todo o universo que envolve esse singelo texto, preso ao imenso contexto que liga o peão "campero", desde a formação do tipo físico desenvolvido no ambiente selvagem da Pampa virgem, ao fugitivo que esconde-se de si e de todos, costeando os vilarejos, feito os cuscos de ninhadas não programadas pelo dono da cadela.

Quem nasceu para ser "perro"   
"cimarón" cresce e caminha
Pelo ouriçado de de tempo
Com cicatrizes da rinha...
                                                        Bom dia.


                                                                                                Lisandro Amaral
                                                                                               3 de Maio de 2011