sexta-feira, 30 de março de 2012

Peregrinando



Cruz aberta oferta o abraço que precisas...
teu sorriso atento à luz da tempestade.
Aqui é a vida e não além da vida
deveremos crer na luz da eternidade

Um peregrino diz pra sempre em meio às flores
que é ali que mora a paz que sonoriza...
caminha e segue atento à luz das almas
e caminhando erra e aprende o tanto que precisa

Amar o amor em cada um que habita em ti,
sonhar bem mais que andar, com luz e florescer,
tu que és de tempo e estás semeando luz,
e assim faz jus de ser feliz e renascer...

És a mãe que  teima e sabe do sem fim das horas
em que viver tornou-se paz para sorrir
e peregrina  crê na luz maior das almas
caminha - em pedra  - e traz na fé o prosseguir.








            Força aos que acreditam na luz da cura...
           Paz aos que sofrem a enfermidade sem fé...
                      coragem aos que caminham -
                       peregrinos...eternos peregrinos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Obrigado. Érico Veríssimo


 

  















Milonga de Tempo e Vento


Transportei-me ao tempo largo
dos tribais e tolderias
Poder que tem a poesia
De ir onde a alma implora,
Alma que vem e que chora
- Com saudade do seu tempo -
É a mesma alma do vento
Que nunca sabe onde mora...

Desencilhar - tempo novo-
É acordar primavera,
Ressuscitar  as taperas
Quinchadas pela existência...
É despertar muita ausência
E andar sovando badana
Numa milonga pampeana
- Saber a voz da querência  -

Vejo a luz da minha estrada
Refletir na estrela antiga
Do meu picaço que abriga
Florão de lua na fronte
E sabe dos meus repontes
Por andar há muito tempo
Seguindo o rumo do vento
Que sopra os meus horizontes

E aqui estou - tempo velho -
Cruzando o portal da vida....
Quem sonha buscar guarida
Sabe os motivos que imploro,
Sabe dos versos que choro
Com  saudade do meu tempo
Por ter a alma do vento
Também não sei onde moro...

Porém eu sei dos andantes,
Suas almas e seus medos,
Das lágrimas e segredos
Que habitam as madrugadas
Porque a vida  é uma estrada,
Passo-a-passo pelo vento,
Onde só a mão do tempo
Sabe o fim da caminhada...


 6 de outubro de 2000



domingo, 4 de março de 2012

Para nós isto é QUERÊNCIA

`
Áttila Sá Siqueira



Quando por algum motivo divino o campo nos elege, passamos léguas e léguas... pousos e pousos para compreendermos pessoas e lugares. E a união das distâncias determina um ponto para plantarmos vida.
 Para nós isto é QUERÊNCIA.
Há poucos dias estivemos visitando estabelecimentos rurais na cidade de Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul Brasil. O interior do interior do nosso interior, costeou a Serra Das Asperezas e encontramos na humildade bondosa do seu Neydemar, a força do Boi de jugo rengueando a marca da luta; no seu Nevison a terra misturada ás veias, que pelos poros gritava o suor do trabalho duro e imensuravelmente digno de pobreza limpa.
Pinheiro Machado - para muitos filhos dela  - é um lugar monótono, sem previsões, campos de grota e, por vulneráveis ao clima, derrubam coragens e espantam a fé.
Preste atenção irmão pinheirense! O mundo lá fora tem vitrines vendendo a vida de luto, o engano da farra. E as tuas previsões de oportunidades se embretarão no empedrado das grotas modernas, onde não és vaqueano.
A águia escolheu fazer ninho no perau... e lá está -  índia mãe - vigilante da tropilha... refletindo no olhar guerreiro a proteção de nossa senhora da luz. Ela buscou plumas e misturou-se ao espinho de “la Coronilla” para fundir corações, com a força do boi de jugo.
O borburim da sanga no empedrado, volta em chuva para adocicar as uvas e espumar gargantas, lava a lã da cordeirada e reanima dia após dia tua honestidade monótona Cacimbinhas.
Os filhos voltarão, os que pensam em partir sentirão no inverno o valor da palavra QUERÊNCIA.
         Sim a Águia estará lá... juntando galhos, com a força do boi de jugo e olhar de protetora, será uma lança com a força da coronilhas.

Seremos muitos corações vigilantes das tropilhas.

02 de março de 2012