segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um certo Índio Rivero


Dos feitos de andar na vida
Tive um que foi festeiro...
Quando uma tarde de março
Ofertou-me  um grande abraço
De um certo Índio Rivero

                           fotos: http://www.fernandonipper.com.br/

Tinha a pureza do tempo
O olhar sofrido em ressabio
E nesta tarde de março
Eu conheci num abraço
A voz perfeita de um sábio

Eu tinha mulas pra andar
Ele, uma vida de lombos.
Falou em voz firme e calma
Dos seus feitiços de alma
Das suas glórias e tombos

E vi na pele morena
Colorada en cunumy
Que a vida é índia e despreza
Nos novos cultos e rezas
De peles antes daqui.

Vi que o gaúcho em Riivero
De couro mais que carnal
É uma semente que anda
Cicatrizada comanda
Calma de tempo irreal...

Foi numa tarde de abril
Lá no fortim do Minuano
Que num bagual negro escuro
Eu percebi que ainda juro
Amar meu solo pampeano


Vi que o Rivero era o tempo
Em voz perfeita ao relento...
E poucos viram sua face!
Aonde o campo renasce
Bem mais que em tempo sem vento.

Dos feitos de andar na vida
Tive um que foi festeiro:
Quando uma tarde de abrigo
Ofertou-me  um grande amigo
Um certo Índio Rivero.







                                                                       17 de setembro de 2012


















segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A solidão ensina



                                                      Nelson "Leja" - domador

                                                    (foto Gustavo Perez)



A solidão ensina...


Muitas vezes pedimos tempo para estarmos isolados do mundo...
Poucas vezes entendemos que somos o mundo precisando de nós...
Solitariamente hei de gritar que estou só no meio da multidão.
Que sou a multidão necessitada da minha voz para um couro das vozes - de muitos - em nome de todos...

Grite solitário... és o caminhante individualmente ligado ao meio onde vives...
Caminhe em grupo e reconheça que dar as mãos é o melhor gesto para continuar em pé.
A solidão ensina - que estar só  -  é alimentar a alma para viver em grupo.

Quem não se reconhece só,  não alimenta a necessidade da multidão.

Não existe... não aprende e muito menos ensina.


Na imagem 

Nelso é uma rima da palavra SOLIDÃO.
Uma verdade absurda do tempo "gaucho" que muda
e reinventa a escuridão.

Todos em em prol de si mesmo
e Nelso... um vulto que a esmo 
golpeia a vida e o não.

Tudo é mentira na vida 
verdade mesmo é a ferida
cravada na sina em cruz
onde estes "Nelsos" sem rimas
vão se apagando em esquinas
no preto e branco da luz.


E solitário amanheço.
Eu que aceitei o endereço
do posto do verseador.
Sou rima nova que abriga
a raça "gaucha" inimiga
da escória em ti povoação.

Sou solitário e o meu preço
é retornar ao começo: 


                                      O avesso da multidão.