domingo, 25 de dezembro de 2016

Está de Volta o Andante





                                                                          foto L. Amaral
Está de volta o andante
Das canções inacabadas
Da poética orvalhada
Que pinga do tirador,
Das barrigueira ao fiador
“piguelos” em serenata
Não teve pilchas de prata
E preferiu ser cantor

E está mais forte o soldado
Com baioneta palavra
Quem nasceu pra sina escrava
Vai se ajoelhar pro “coimero”
O meu tino de ponteiro
Grita se é hora de grito
Mas, quando pensa ao tranquito
Tem mais valor o tropeiro.

Nasci pra o mimo materno
E desmamei matrereando
Depois de andar escutando
Cantores deste lugar
Eu preferi pelechar,
Escondido entre a macega.
Campo que tem pega-pega
Deve ter som pra escutar.

Sempre pensei muy pequeno...
Se tenho sombra, sesteio.
Na água limpa me apeio
E onde hay bagual recarrego.
Que tenho vícios? Não nego.
Energias que alimentam
E os cantos suaves que ventam
Transformo em verso e entrego.

 Está de volta o andante
Curandeiro de si mesmo
O jujo bom é o torresmo
Queimado na campereada
E se a palavra anda afiada
O corte cura ao tranquito
Quem tem medo do meu grito
Vai cabrestear na tropeada

Das histórias dos avós
Guardei as mãos calejadas,
O cafuné nas sesteadas
Antes de ser dos caminhos
O sangue pinga de espinhos
Nas chagas de domador
E se eu nasci pra cantor
Por ser da estrada caminho.

E assim me fiz cancioneiro
Do verso do campo afora
Quando meu povo ainda chora
A mutação pastoril
Acorda sentindo frio
E dorme com sede e fome
Pra alimentar sobrenomes
Que te anarquizam Brasil

Se vou morrer de saudade
Que parta cantando gente
Regando a velha semente
Que assim germina  garganta
No pasto que se levanta
Na alma de outro guri
Valerá nascer aqui
Memorial Terra que Canta.

25 dez. 16
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terça-feira, 19 de abril de 2016

A flecha voltou aos ventos




A flecha volto aos ventos
das mãos dos índios de agora...
quem seremos campo a fora
quando as tribos dizimadas
andarem pelas estradas
mendigando pão e luz?
seremos filhos da cruz
ou do Cristo coroado?
um a um crucificados
pela dor que nos conduz.

Politicamente insanos,
ovelhas seguindo o guia
quem é o líder do dia?
disse SIM ou disse NÃO?
nada vale o teu perdão
pedófilo cultural
que estupra o valor moral
da juventude inocente
que morre sem ser semente
do Brasil que é imortal


A flecha voltou aos ares
nas mãos dos inconsequentes
cospem na cara da gente
 - impotentes... e acampados
índios sem flechas... castrados
da força que vem da terra
há uma lei que nos encerra
na taba dos infelizes
dessecaram as raízes
estamos fora da guerra

Ora ao Pai irmão do tempo
há de vir a tempestade
há de chegar a verdade
da boa nova do Céu
há de ir pras leis o réu
dos insultos deste NÃO
SIM ao bem de um novo irmão
que dirá NÃO a baderna
por que Deus é quem governa
o futuro da NAÇÃO

a flecha voltou ao ar...
somos índios deste tempo
e quanto mais sopra o vento
mais força temos pra voar.




eduquem seus filhos... nada lá nos representa.