Quando me falta o saber
por esta simples cruzada,
um trago de alma guardada
de tempo em restos que devem
por muitas vezes me pedem
por uma insana lembrança...
é ali, que a dúvida alcança
e os tempos velhos escrevem.
O inédito, a alma e o medo...
O branco - agora palavra -
"mi nombre" quem firma e lavra
- no pergaminho do agora -
terra a dentro, um par de esporas
sangrando o eu que não vale...
peço ao que sou que se cale
não sei quem fala esta hora.
“Gauchos, índios y guerreros”,
negros com marcas sem cura?
ou brancos na noite escura
da vida que foi errada?
Mala suerte na passada,
pedem perdão e eu escrevo
e, certamente o que eu devo,
pago também na cruzada!
Aqui estou, e lá fora...
O mundo - igual para muitos -
fecundam novos assuntos;
povos se adornam de escuro
e o inconsciente, que eu juro,
trazer do mito e do medo
é!!! Meu Genuíno em segredo,
negro que escrevo e não curo.
A vida é corda pra forca...
e o nó, quem ata é o que vive.
Muito que eu quis, eu não tive!
- Perde a razão o que erra...
O meu saber pouco encerra,
é um trago de alma guardada
que escrevo nesta cruzada
num compromisso de terra.
“Con permiso y sin permiso”
entro no mundo lá fora.
Verdade ou mentira agora?
Ato ou desato meu nó?
Por tantas vezes sou pó
domando o potro esperança
nesta hora eu sou criança
e a poesia está só.
Num trago de alma guardada.
"Chiripá rojo" (óleo) del pintor de Uruguay Juan Manuel Blanes (1830 - 1901).
É escasso um maula que faça música e poesia com tanto conteúdo, meus parabéns!
ResponderExcluirTuíra Barcellos
Tchê Lisandro....tuas palavras .....como sempre...tocam de uma forma diferente.....fazem a gente sentir cheiro de terra, do pó das mangueiras, da corda curtida do suor dos cavalos na lida.....enfim.....elas nos reportam ao local onde com certeza, todos aqueles que tem a humildade de ler e refletir, se sentem bem.....faz bem a alma......
ResponderExcluirParabéns!!!
Só mesmo tu para escrever assim, parabéns. Abração!!
ResponderExcluirFormam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço...Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram.-Santo Agostinho.(Paris, 1862.)
ResponderExcluirHoje no mundo em que vivemos, onde as pessoas olham presente e futuro, e esquecem do passado, dos ancestrais, que foram os que contruiram onde vivemos e o que somos, é indiscutivelmente um sentimento de esperança que brota, quando percebemos que ainda há pessoas como Don. Lisandro Amaral, em versos singelos, e únicos preservando a nossa verdadeira forma de vida. Pampeanos. Parabéns Lisandro...e que o pai maior te ilumine sempre, para que a hora que nos sentirmos só, podemos recorrer aos teus versos como forma de abrigo pra alma...
ResponderExcluirTalvez nem todos que leiam entendam tudo, não só nestes versos mas em outros tantos que escreveste com o superior que mesclas tão bem a nossa realidade campeira (seja lembrado que o campo é raiz e pureza), mas quem não os lê e ouve com a mente lógica, que nos induz ao erro, certamente se atem a essência do teu verso.
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