domingo, 4 de março de 2012

Para nós isto é QUERÊNCIA

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Áttila Sá Siqueira



Quando por algum motivo divino o campo nos elege, passamos léguas e léguas... pousos e pousos para compreendermos pessoas e lugares. E a união das distâncias determina um ponto para plantarmos vida.
 Para nós isto é QUERÊNCIA.
Há poucos dias estivemos visitando estabelecimentos rurais na cidade de Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul Brasil. O interior do interior do nosso interior, costeou a Serra Das Asperezas e encontramos na humildade bondosa do seu Neydemar, a força do Boi de jugo rengueando a marca da luta; no seu Nevison a terra misturada ás veias, que pelos poros gritava o suor do trabalho duro e imensuravelmente digno de pobreza limpa.
Pinheiro Machado - para muitos filhos dela  - é um lugar monótono, sem previsões, campos de grota e, por vulneráveis ao clima, derrubam coragens e espantam a fé.
Preste atenção irmão pinheirense! O mundo lá fora tem vitrines vendendo a vida de luto, o engano da farra. E as tuas previsões de oportunidades se embretarão no empedrado das grotas modernas, onde não és vaqueano.
A águia escolheu fazer ninho no perau... e lá está -  índia mãe - vigilante da tropilha... refletindo no olhar guerreiro a proteção de nossa senhora da luz. Ela buscou plumas e misturou-se ao espinho de “la Coronilla” para fundir corações, com a força do boi de jugo.
O borburim da sanga no empedrado, volta em chuva para adocicar as uvas e espumar gargantas, lava a lã da cordeirada e reanima dia após dia tua honestidade monótona Cacimbinhas.
Os filhos voltarão, os que pensam em partir sentirão no inverno o valor da palavra QUERÊNCIA.
         Sim a Águia estará lá... juntando galhos, com a força do boi de jugo e olhar de protetora, será uma lança com a força da coronilhas.

Seremos muitos corações vigilantes das tropilhas.

02 de março de 2012





3 comentários:

  1. espetacular texto!!!imfelizmente me encontra estraviado da minha querência;lutamdo para voltar para minha terra,quando comento isso com familiares a indignação é imediata indagam ??tu és louco de sair dessa terra maravilhosa com praias maravilhosas paisagens exuberantes.. mas para mim falta o principal o simples, como comer um carreteiro de charque na casa de amigos;no mas nas grandes cidades somos escravos do tempo

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  2. Pra quem viveu em Pinheiro Machado por 16 anos seguidos e teve que se separar por motivos de força maior, mas volta sempre que pode à sua querência, este texto não podia ser melhor, obrigada por exaltar a nossa querida cacimbinhas e mostrar o que poucos entendem, a força do sentimento por uma querência.
    Tuíra Barcellos

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  3. Amigo Lisandro. Foste de novo fundo no teu pensamento. Também estás impregnado de campo e terra, de céu e aguadas.
    Já passei muitas vezes de ônibus, saindo de Bagé à Pelotas, cruzando por Pinheiro Machado e Piratini, pelos seus campos e povoados, e reflito quanta pureza, simplicidade e honestidade que emana desses rincões. Nos médios e grandes centros urbanos, o avanço da insustentabilidade, as pessoas escravas de um processo sócio-econômico, que despreza o tempo, o vento, proliferando desiguldade e injustiça.
    Quando olhas para Cacimbinhas, lembro Atahualpa olhando para o Cerro Colorado.
    Como o mestre mesmo disse - "para el que mira sin ver, la tierra és tierra, no más."

    Grande abraço e muita luz!

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