segunda-feira, 11 de junho de 2012

Se assinam VENTO senhores

Entre as tantas histórias que renderão a passagem, no Rio Grande do Sul, das gravações do filme O Tempo e o Vento, um temporal positivo na vida de muitos (inclusive na minha) busco arquivar fatos e pessoas que se reuniram em tão pouco tempo na minha memória.  Ou seria há muito tempo?
Colhi contos de muitos figurantes que dispensavam figurinos e maquiagens. Cito, para dar exemplo, o inesquessível “Nelso” o domador que atuou como padre Jesuita, e 200 anos depois, atuou como Nelso o ele mesmo.
Rumo ao Oscar, segue até hoje o seu personagem no filme, ou melhor, na novela como acostumou chamar o longametragem. Mas isso fica para outro conto.

Hoje me deparei com uma postagem - no popular facebook  - que transcrevo para todos com: pergunta, foto e resposta.

Tenham uma boa semana.

Lisandro! Este paisano passou aqui na estância para descansar, como foi no final de semana e eu não tava, queria saber se conheces? Pois parece que é de Bagé ou Aceguá.  Deixou muitas histórias e poucas informações... só disse que estava vindo de herval e ia para Pelotas filmar (figurante) o tempo e o vento, se conheces esse gáucho me dá informações...gracias e saludos... (Luis Mascaranhas Neto)


Não sei se ajudo dizendo
Que pouco sei do andante...
Nada que sei é o bastante
Mesmo assim, sigo escrevendo.
Há muito anda vivendo
No ermo dos corredores
Preferiu os dissabores
Do pouso incerto e da sina
Deixou crescer toda a crina
E assina “Jorge” senhores.

Um dia encilha a gateada
Mais cuidada que a melena
Noutro o mouro torena
Pelo da noite gelada
Não anda de madrugada
Pra não sofrer seus sabores
Há muito que os sonhadores
Imitam feitos e sinas
Deixam crescer toda a crina
E buscam rumos senhores

Pra onde vai o andarilho?
Pergunta que não carece.
Pergunta que não merece
E resposta que não encilho.
Jorge é mais um destes filhos
No colo dos corredores
Que escolheu mamar nas flores
Que o mundo deixou sem pai
E se ele sabe aonde vai
Pouco me importa senhores.

O conheci chimarreando
Lá no banhado dos Blanco
Buenacho em prosa de banco
Sempre os pingo rasqueteando
Fronteiriço e meditando
O rumo, as luas e as cores
Compromissos são amores
Que o tempo deixa no más
Quem pensa sonha pra trás
“Jorge não sonha senhores”

Não o vi de figurante
Ou melhor, vi sua figura
Ilustrada criatura
Ao melhor jeito do andante...
lapidado diamante
- não erra nunca a doutores -
Disfarçado entre os atores,
Comeu bem e deu risada.
Cruzou por mim na gateada
Mouro de tiro -  senhores.

Pra onde vai sem escolta?
O que eu sei que é de confiança
Rastro gateado de herança,
Rastro mouro que se solta...
O vento e o tempo que volta
Veríssimo em dissabores
Licurgos em seus valores
Luzias loucas insanas
São Cambarás sem Bibianas
Se assinam VENTO senhores.

Um comentário:

  1. Versos esclarecedores sem explicar;
    Versos verdadeiros, escondendo verdades;
    Versos sábios escritos no popular;
    Este é Lizandro Amaral que o povoado conhece e deve respeitar...
    Muitas gracias amigo, aqui na estância nosso sentimento foi de tristeza por não podermos estarmos mais tempo junto ao Jorge e conhecer mais de suas histórias, mas com certeza sua passagem por aqui já é a nossa história.
    Quando quiseres....o mate está sempre pronto!
    abraços!!!

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