domingo, 8 de janeiro de 2012

Um amigo em Preto e Branco









 

Um Amigo Em Preto E Branco

 


Um dia destes, li algo de uma das mais importantes pessoas que já cruzaram na minha vida. Dizia que meu ciclo de amigos era realmente especial. E que deveria comemorar diariamente essa natural seleção de pessoas que vibram de maneira positiva, e não precisam se adaptar aos meus defeitos, simplesmente, toleram e ajudam nas correções de maneira inconsciente.
Estive refletindo sobre cada um deles (os amigos) e encontrei: poetas, desenhistas, melodistas, fotógrafos, domadores, médicos, advogados, etc. etc. etc...     Cada qual, dentro de uma redoma, protegidos de minhas inúmeras imperfeições.  Ali, nos seus postos incansáveis de AMIGOS, chegam, quase que diariamente. E eu identifico que não os amo como deveria.  Suas presenças atingem a normalidade do vício, e acostumado com eles, mal ou bem comparando, como ao cavalo que encilho e o cusco que me faz festa, não os ofereço o carinho especial ao amanhecer.
Até onde pode ir o egoísmo e o despreparo do ser humano? Até quando poderemos levar a vida cega, sem aprender o braile da pele e do coração?
O mais recente dos meus amigos especiais, chegou com uma carga artística que não cabe em seu corpo forte de homem de raça. Sua humildade ensina e chega envergonhar meu ego de artista. Sua poesia despreocupada de aplauso, seu traço crioulo como o chiripá, me tapa e me alivia a solidão da verdade escrita quando ele diz:

Sou filho da ‘flor’ do couro
Depois das bênçãos do sal;
Que troca a forma dos pelos
Pela razão do carnal.
Voltei pras horas do campo
Noutro sentido ou valor;
Livrando o ‘estranho’ da sorte,
Tirando os ‘males’ da dor.

Em preto e branco, sangra o vermelho dos lenços... em grafite, nanquim, pirógrafo ou carvão, sua vida vai marcando - em silêncio de papel ou couro - o infinito da arte.

“ Voltaste a forma do barro
De outra vida que viveu...
Num sinal santo na prece
Que finalmente volveu;
Que habita junto ao silêncio
Os bons adentros contidos,
Antes palavra dos matos
Hoje,  idioma renascido.
                                        (adaptação de Indiático de Adriano Silva Alves)


Sonho alcançar-te  Adriano Silva Alves... Genuíno Vivo, meu irmão da cor da noite.
Ainda não é tarde para interpretar tua postura maiúscula e rever meu rumo.

Hoje o João amanheceu cantando
Talvez pra o sol, que despertou o pago;
Tinha esperanças, que colheu da chuva,
          Com seus mistérios de paciência e barro...            
                                                                 (A.Silva Alves)

Ver meus versos saírem da boca de tua alma, agora nos palcos ao lado de minha família mais Curandeira e cada vez mais em Silêncio, é chegar mais perto de Deus e melhor acompanhado.

O teu mundo em preto e branco
irá colorir a vida...
De muita alma ferida
que necessita do tranco.
Pois galopeando,  o egoísta,
Vive essa vida de artista;
Cai muitas vezes na lista
Do aplauso, da luz, do nome.
E esquece que somos nada
E ao palco da madrugada
A nossa alma – tem fome.

Não sabe que o holofote
Não ensina a andar a trote
Quem gosta da correria.

Ensina irmão, a magia
Do teu olhar – ainda escravo –
Que traz a marca dos cravos
Dos companheiros de Cristo.

Por certo, roubastes antes
Os verdadeiros instantes
Da humildade da terra
E hoje chegas “bandido”
Matando tanta saudade
Dos teus pequenos amigos.

Deixa eu andar ao teu lado,
Corrermos juntos perigo?
Quem sabe eu cresça e aprenda
Que a alma branca é uma renda?
E sempre estando ao teu lado,
Eu me promova a soldado
Da caridade divina...

E aprenda que em Preto e Branco
O mundo caminha ao tranco
E amigo mesmo, é o que ENSINA.




Vive em ti  um bom guri de pés no chão;
Num coração, lágrima pura, nostalgia,
Magia branca nas feições, no canto,
Sincero pranto a derramar poesia.

                                              A derramar poesia.”


                                                           (adaptação de Indiático de A.Silva Alves)

  

Acompanhem Adriano Silva Alves pelo blog:

5 comentários:

  1. Sem palavras. A beleza e a pureza só pode ser sentida.

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  2. Umedece as rugas e amacia a voz, quando o momento acaricia uns traços vestidos de poesias. Lindas palavras, linda homenagem!

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  3. Lisandro,
    Virei tua leitora e admiradora!
    bjo,
    Gabi

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  4. O que dizer perante a beleza de tuas palavras eu não sei.
    Tuíra Barcellos

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  5. lindas palavras lisandro de um grande poeta pra outro grande poeta , parabens um abraço rodrigo

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