Durante duas apresentações neste final de semana, nas cidades de Carazinho e Bagé, se fez nítida a importância da inclusão no repertório da música Canto dos Livres do importantíssimo missioneiro Cenair Maicá. Algo que apenas minha sensação sobre o palco e frente ao público pode explicar e certamente não em palavras.
Procurando algo para essa semana, encontrei arquivado este texto a seguir, escrito em outubro do ano passado. Texto que realmente me aproxima da purificação que busco para representar também o canto dos livres.
Uma prece ao canto livre
Purifiquei-me momentaneamente e ajoelhado aos pés do campo, andei mais perto do valor da terra... O banhadal cantava um canto livre, por saber rezar a prece natural do criador...
Escutei-me... e ouvi que estava longe da sabedoria índia que queria ter... Senti o cheiro de outras terras num poncho vermelho que me defendia do sereno.
Era moreno o calor da noite na alma do cantor pagão, e necessário adormecer rezando no ritual das folhas e aves noturnas.
Ouvi no potrerito que apelidei de campo dos ventos, o som dos cascos desprendendo-se do barro quando a manada caminhava entre os caraguatás. Vigiada pelo pastor eleito e destemido que, também de outras terras, descendia heroico e sobrevivente por estar inteiro, enchendo ventres e entregando aos homens suas virtudes mistas em mestiças mães que criarão seus filhos e estarão de novo - em natureza eterna - de amar sem troca, de gerar sem perda e de criar sem volta os crioulos filhos da escuridão equestre.
Purifiquei-me Estrela D’alva... Percebi a cruz no clarão do teu olhar quando rezei no campo em Canto Livre... por destinar-me ao canto e a não chorar! Mas choro... e a vida, em claves de pranto, é um sonho COM MATIZES SONOROS.
(NO CANTAR DE QUEM É LIVRE "HAY" MELODIAS DE PAZ)
E uma prece em vento escuro – noturno – o gosto da luz!
Lisandro Amaral
04 de outubro de 2011.
(Trechos em maiúsculo da música Canto dos Livres de Cenair Maicá)
Sempre me emociono duplamente quando citas um missioneiro. Emoção que transbordou de mim ao vê-lo no palco vivendo "Catedral" e que transborda sempre que escuto quem carrega a verdade. Cenair cantou certa vez "da terra nasceram gritos, dos gritos brotaram cantos!". E é isso mesmo, não? Tu sabes ler a terra, sabes traduzi-la e tu a cantas com amor. Não há, por isso, como não emocionar-se ao lê-lo ou ouvi-lo. Grande abraço Lisandro! Abraço Missioneiro!
ResponderExcluirCenair e uma alma de luz q conseguiu refletir sua gente.
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