segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Somos o que somos, não o que compramos pra somar pobreza...

Antecipando uma reflexão - muito pessoal - sobre o consumismo natalino, que nada tem com o real espirito de comemorações, escrevo minha sensação atual. Pretendendo não escrever  - para o Blog - durante a segunda quinzena de dezembro e primeira de janeiro, o DIÁRIO DO ANDANTE  estará compartilhando apenas as principais postagens de seus primeiros seis meses. Tenham um ótimo Natal e comprem o necessário.

Somos o que somos, não o que não podemos comprar...


Desde o momento em que passei a ter memória de minhas manifestações como consumidor, passou a ser nítido meu desapego material, a ponto de andar por ai perdendo e danificando meus pertences, e às vezes os de outros, que por alguma razão ficaram aos meus “cuidados”. Defeito ou não, está identificada essa característica expressiva neste andante.

         Quando se aproximam as datas de comemorações natalinas e vejo multiplicarem-se as angustias dos homens, pra atenderem o infeliz compromisso do presente, mais me desapego ao material e respiro os amigos sadios e a música que paira de graça.
Alcançar a famosa lembrancinha, no dia 25 de dezembro, pode tirar da maioria das pessoas a sobra financeira do suor diário e tumultuar a paciência nas filas dos comércios. Essa paciência (bom humor)  - provavelmente - seria usada na comunhão harmônica entre parentes e amigos.  
Os consumidores, obrigados pela cultura imposta, chegarão com o desconforto dos ambientes de venda, aos lugares de festejo, onde disfarçadas de carne assada e euforia, estarão também fantasiadas de bom velhinho, as dívidas do ano vindouro.
“Como começaria mais sadio o ano novo, sem aquele imenso televisor que a fulaninha chorou pra ganhar. E agora como eu pago a rematrícula?”

Somos o que somos, não o que temos ou doamos materializados pelas indústrias.


Eu quero dos meus filhos o sorriso no natal diário, a saúde no amanhecer... e no anoitecer:  um  obrigado pai por me fazer feliz sobre o lombo da Joaninha, minha petiça moura...

Está na face da criança a felicidade imaterial.


Ensine aos menores os valores maiores... 


Ainda temos para presentear: uma tarde de mar, um domingo no arroio ou um passeio natural...

Nada de plástico, tudo de vida!



Perdi muito do material que me alcançava o tempo...
Estão nos ventos meus buçais de doma, meus chapéus caídos...
E ainda penso que ganhei da vida, meu maior presente
Por estar cadente e saber que a gente basta em ter vivido.

O que encontrares não terá meu nome, pois não foi de mim...
Ficou no chão porque não soube a mão cuidar o bem querido.
Serão as boinas e rebenques novos. Teus agora, entendes?
Eu perdi consciente e ganhastes crente por eu ter perdido.

E quando achares, no caminho saiba que eu não sou Noel.
E perdi ganhando do trenó da vida meus pertences nobres.
E que nunca o gesto de presentes caros sobressaia o claro
De um abraço antigo, de um carinho amigo no natal dos pobres.

Ensine aos menores os valores maiores de haver nascido.
Somos o que somos e jamais seremos nossos bens perdidos!
Eu preciso ver que estarás feliz quando me ver presente.
Eu preciso mesmo é que não chores nunca um bom amor vivido.

Que o teu presente seja o que o natal alerta ao bem vivido.
Compartilhem flores que estarão de graça no jardim da vida
 Que floresça a praça ao te ofertar com graça o que plantou o amor
Quando o criador benzeu de luz sublime pra ser compartida.

Diga que eu não pude ofertar o preço, pois pediram muito.
E eu não tinha plata, andava de alpargata, mas cheguei FELIZ.
Tenho o que tu quis, tens o que eu almejo na ilusão dos pobres
Que esse povo “nobre” nunca venda e sobre o bom do meu País.

Que esse povo rico, esteja de alpargata... saiba andar sem plata e tenha o que comer.
Diga que eu não pude ofertar o preço para ter riqueza...
Que eu não fui às compras, me sobraram roupas e vou rezar aos nobres
Pra que tenham luzes governando o mundo pelo pão nas mesas.


Somos o que somos, não o que compramos pra somar pobreza...






  

                                               foto Alexandre Teixeira

15 comentários:

  1. Parabéns amigo! Excelente! Deus te ilumine sempre!

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  2. ...seria muito bom se os "Valores Maiores" fossem que nem o tal plástico.
    Fácil de encontrar e de difícil decomposição.


    Abração meu amigo!

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  3. Parabéns Lisandro!
    As vezes esquecemos desses valores e esquecendo vamos deixando o consumismo tomar conta de nós, e pior, de nossos filhos. Por vezes cruza em nosso caminho ou em nossa tela de computador um Anjo Campeiro para nos dar um laçasso com a soiteira da consciência.
    Obrigado Lisandro!

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  4. Tchê, já conheço tua música de tempos. Do princípio, talvez. Agora conheço teu lado humano, político e social, de um cidadão preocupado com o próximo e com o coletivo. Preterir um abraço fraterno à matéria é cada vez mais usual. Tuas palavras ainda buscam - e conseguem - trazer o real sentido das datas comemorativas: o espírito. Um abraço

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  5. Parabéns pelas suas escritas!
    Estamos na época em que o consumismo floresce. E muitas pessoas esquecem o verdadeiro sentido do Natal. Apreciei muito está frase: "Ensine aos menores os valores maiores de haver nascido."

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  6. Sem Duvida Lisandro... Tu tens o Don de fazer as pessoas esquecerem da vida material que o mundo atual imprime, e faz com que se voltem para as imagens e os sentimentos que a alma oferece... Percebo isto desde teu primeiro trabalho e sem duvida tu és o motivo que nos da força a nós, anônimos da vida rural, entender o que somos... Grande abraço deste Fã...do ser e da Alma de Lisandro Amaral....um baita abraço

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  7. Tuas palavras é o que precisamos para compreender o sentido das coisas, da vida e das coisas que nos cercam diariamente!
    Acompanho-te desde de muito pequena, e vejo com muita felicidade a maneira como tu vês o mundo!
    És simples e determinado naquilo que fazes .
    Realmente me emociono com tuas lindas palavras... Um grande abraço e um Feliz Natal um simples Feliz Natal, para ti, para Lessana, para Maria Rita e para João Antonio !
    Roberta Barres

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  8. Este lugar senhores, não é possível de ser acessado por compreensões medíocres, vampíros da alma, que andam por ai a vagar, oferecendo resistência ao fluxo vital da luz, duvido muito que o Lisandro venha a te responder, mas eu, talvez bem menos evoluído, te parabenizo Anônimo, por tua extrema inconveniência... que teu camínho que lhe chega, seja iluminado pela tua consciência, nestes importantes tempos de grandes mudanças.. Um forte e cordial abraço

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  9. O melhor regalo é o que que vem do peito, o melhor regalo nunca poderá ser tocado, apenas sentido! Feliz aquele que sente nos olhos de um filho a cada amanhecer o seu melhor presente! Ainda desejo, como ser materialista, que me considero, dar a minha filha tudo que ela desejar, mas com toda certeza os valores que ela vai passar para os filhos dela serão o seu maior bem e assim por diante! Parabéns pelo Post e que nessa época do ano O Ser Supremo nos traga mais e mais ensinamentos!

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  10. E como diria Guilherme Collares, amigo e poeta de Bagé:
    Prefiro a sorte de ser um perdido
    que a vaidade ufana desse desaforo
    que esconde o lodo sob o véu das flores
    e acoberta as dores nos papéis dos foros.

    Prefiro a sina de mostrar a cara
    e ser sentenciado a padecer, proscrito,
    à vida imunda de engordar as contas
    e ir rezar nas missas como um ser bendito.

    ( Agredir uma pessoa mesmo que com palavras sem mostrar a cara é muita mediocridade). E como disse o amigo Johnson Borges, que a tua consciência ilumine teu caminho.

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  11. Os comentários dos amigos abafam qualquer agressão verbal. Fico faceiro em ler comentários inteligentes aos que pouco sabem.

    Lisandro, parabéns pelo blogue e por teus trabalhos que nos orgulham.

    Abraço.

    Gilnei Baruio Silva
    Www.baruio.com

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  12. Conheci teu blog por indicação da Fernanda Polino e fiquei encantada..parabéns por tua clareza de pensamento, por teu coração acolhedor e tua inteligencia inegável...que o verdadeiro sentido do Natal se faça presente no teu 2012. abraço

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  13. Sensacional, Lisandro! Que mensagem importante e verdadeira! Infelizmente a realidade é esta pois cedemos audiência a ela! Nada de plástico, tudo de vida!!!!!

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  14. Buenos dias Lisandro! Todo o final de ano volto aqui para reler esse texto escrito a alguns anos mas ao mesmo tempo muito atual. Se tu buscas forças pra cantar, busco aqui forças para seguir, tua arte e tua escrita são as palavras que tenho em mim, mas que meus dedos limitados não me deixam escrever. Siga firme "Amaral Andante", somos sedentos de tua arte e seguiremos "bebendo" de tua fonte de luz. Um forte e fraterno abraço.

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  15. Felipe Antonio Moreira24 de dezembro de 2023 às 16:59

    Grandes palavras Lisandro, faz dias que venho tendo algumas reflexões semelhantes a esse seu pensamento, por vezes encontro tudo o que eu queria falar nas tuas palavras, acho que até passa de ser coincidência para algo espiritual... Sigas escrevendo para nós com essa grandeza, gracias por esse regalo e um abraço!

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