quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Sul do Mundo Redondo



                            Coxilha de Sant´Ana do Livramento   


Escrevi uma passagem no livro Canto Ancestral(2012) sobre a influência da poesia de Sérgio Carvalho Pereira. Que em minha infância esteve como um conto poetisado, ajudando meus passos adolescentes. Já o agradeci e segurei agradecendo. 

Agora mais uma vez estarei no palco da Sapecada da Canção  de Lages-SC, interpretando sua caminhada escrita com a canção MENINA ESCUTA O CANTOR. 

Gostaria de aqui externar o que significa cantar uma elevada melodia  de Juliano Gomes, que tem sido, nos últimos anos, o principal melodista de Sergio Carvalho. 

Cantar algo de Juliano Gomes - para mim - é sentir o vinho comprado em Sant´Ana do Livramento escorrendo pelas veias, escapando pela ponta dos dedos e indo filtrar-se pela madeira de uma guitarra. Quando dela evapora, e me percebo porta-voz deste concerto campestre,  imediatamente se abre o cenário real do que estou dizendo. A poesia do Sul do Mundo redondo.

         Estou envelhecendo junto com as canções de muitos sábios... e senti isso ao cantar o Batismo, O campeador, Petrificado, A modo de Anunciação e tudo que vem adornando esse elevado encontro de almas que cantam juntas.
         
         A maturidade do compositor é a mesma da vida real, somos uma fantasia que vive, que canta, que canta e que vive necessitada de lágrima e dinheiro. Tropeçaremos nalgum cocuruto onde a vaidade nos trai ou aceitamos ela para sorrir o ego ou engordar o bolso.

Pedimos a Deus diariamente que:  “não esteja findando nosso tempo, que a tarde encerre mais tarde, que nossos braços demorem a fraquejar e que sejamos maiores do que pensamos.” Prorrogando a dor do corpo como disse o o imortal Antônio Augusto Ferreira.

Sejamos mais Veteranos do que novatos potros a corcovear para que o aplauso nos alcance.
Amansamo-nos no maneador sovado da consciência espiritual, que deve ter o músico, dotado dessa sublime dádiva de viver nessa campanha onde pouco carinho aprendemos.

Porém nos resta trazer diariamente ao campo dos que nos escutam: um corte de chita, frutinhas de ñagapiri, buquês de flores bagualas  e ovinhos de Juriti. Na alquimia eterna de sermos peregrinos do canto claro de amor a Terra que Canta por nós XUCROS OU MANSOS.

Os versos que canto agora...
Cada qual fiz pra ti...
no lombo do campo a fora
gado e saudade estendi
por longa e lenta demora
meu verso te trouxe aqui... 

Tu não sabes mas te canto 
em cada volta de estrada (Sérgio Carvalho Pereira)



                                              Juliano Gomez

Um comentário:

  1. com a certeza q a distancia é motivo p alma se abrir em sensibilidade pelo campo,e por quem respeita o campo........

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