domingo, 19 de junho de 2011

Tio Basta

No momento em que escrevi esta introdução ao texto do Diário, estava aguardando, na rodoviária de Porto Alegre, a chegada de uns amigos para que seguíssemos rumo a Lages, onde desenvolveremos o Projeto VERTENTES, desta vez na região serrana do Estado de Santa Catarina, onde o entrevistado, desta vez, "Tio Basta", um típico e popular gaúcho de Jaquirana-RS, que há muitos anos cruzou para o lado Catarinense e leva, literalmente, a vida de Gaúcho no sentido histórico da palavra.
Alguém que desconhecemos os detalhes familiares por ser introspectivo e eterno andejo dos rincões que necessitam sua mão de obra especializada.
Na noite do dia 18, sábado, antes de partirmos para Lages, recebi a ligação de um amigo que foi o elo entre nós, do Vertentes e ele nosso verídico personagem. Dizia-me o amigo André que tio Basta, que esteve monitorado por dias nas estâncias da redondeza, havia partido pra onde as necessidades de andarilho e poeta inconsciente o chamava, para que escrevesse mais uma página no diário dos corredores...
Esteve a nossa espera por alguns dias, desenvolvendo uma de suas habilidades de homem de campo, a importante manutenção de alambrado, somada às domas de mulas para os serviços da região.
A minha imaginação, também de andante, porém, de quem assumiu o compromisso de registrar os últimos elos entre a vida real atual e esta que ainda posiciona-se como vertente dos poetas ligados ao campo, manda que eu encilhe e procure pelos campos da Coxilha Rica, ou possíveis bebedores do gaúcho noturno, esse manancial autentico que somente por imaginá-lo, modifica-me o suor da pele que deseja escrever algo por e para seu instinto caminhante que procura algo que morrerá sem saber o que realmente é.
 Os corredores te chamam - verídico caminhante -
E te imagino no instante bebendo geada e sereno
Teu mundo - nunca pequeno - saltou de novo o alambrado
E não permite ao povoado  saber quem és e onde estás.
Eu te compreendo e no más... te oferto o canto do andante
Que pra nós dois é o bastante quando se sente o que faz.

Te vejo além da imagem bebendo a estrada do olvido
Sem perceberes – ferido – pelos valores atuais
Tio Basta o tempo é quem faz o solitário caminho...
O gaúcho é um mar de vinho, em tempestade interior
Se te resta o corredor, num último grito de vida
E te comtempla a partida na glória cheia de espinhos
Te basta um trago de vinho e o temporal - Mula mansa -  
É quem te chama pra dança no pedestal dos caminhos.



Um comentário:

  1. Tio basta me fez lembrar dos meus avós, mais que antes. Porque eles também foram anônimos para os demais; mas herois eternos pra mim. Me deram alimento de corpo e de caráter. Me ensinaram valores tão singelos e tão invencíveis. Vou lhe confessar, Lisandro, que a introspecção deste caudilho errante que encontrastes é a mesma que eu tenho, mas eu sou ainda orvalho e ele é geada. Eu ainda estou germinando e ele é figueira eterna. Mas que bom saber que a minha terra me deixou à história viva. E que bom saber que tu estás empenhado em valorizá-la. Beijo grande!

    ResponderExcluir