segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma prece ao canto livre
















Durante duas apresentações neste final de semana, nas cidades de Carazinho e Bagé, se fez nítida a importância da inclusão no repertório da música Canto dos Livres do importantíssimo missioneiro Cenair Maicá. Algo que apenas minha sensação sobre o palco e frente ao público pode explicar e certamente não em palavras.
Procurando algo para essa semana, encontrei arquivado este texto a seguir, escrito em outubro do ano passado. Texto que realmente me aproxima da purificação que busco para representar também o canto dos livres.


Uma prece ao canto livre

Purifiquei-me momentaneamente e ajoelhado aos pés do campo, andei mais perto do valor da terra...   O banhadal cantava um canto livre, por saber rezar a prece natural do criador...

Escutei-me... e ouvi que estava longe da sabedoria índia que queria ter... Senti o cheiro de outras terras num poncho vermelho que me defendia do sereno.

Era moreno o calor da noite na alma do cantor pagão, e necessário adormecer rezando no ritual das folhas e aves noturnas.

Ouvi no potrerito que apelidei de campo dos ventos, o som dos cascos desprendendo-se do barro quando a manada caminhava entre os caraguatás. Vigiada pelo pastor eleito e destemido que, também de outras terras, descendia heroico e sobrevivente por estar inteiro, enchendo ventres e entregando aos homens suas virtudes mistas em mestiças mães que criarão seus filhos e estarão de novo - em natureza eterna - de amar sem troca, de gerar sem perda e de criar sem volta os crioulos filhos da escuridão equestre.
   
Purifiquei-me Estrela D’alva... Percebi a cruz no clarão do teu olhar quando rezei no campo em Canto Livre...  por destinar-me ao canto e a não chorar! Mas choro... e a vida, em claves de pranto, é um sonho COM MATIZES SONOROS.

(NO CANTAR DE QUEM É LIVRE "HAY" MELODIAS DE PAZ)

E uma prece em vento escuro – noturno – o gosto da luz!

Lisandro Amaral
04 de outubro de 2011.

(Trechos em maiúsculo da música Canto dos Livres de Cenair Maicá)

                                                                 

2 comentários:

  1. Sempre me emociono duplamente quando citas um missioneiro. Emoção que transbordou de mim ao vê-lo no palco vivendo "Catedral" e que transborda sempre que escuto quem carrega a verdade. Cenair cantou certa vez "da terra nasceram gritos, dos gritos brotaram cantos!". E é isso mesmo, não? Tu sabes ler a terra, sabes traduzi-la e tu a cantas com amor. Não há, por isso, como não emocionar-se ao lê-lo ou ouvi-lo. Grande abraço Lisandro! Abraço Missioneiro!

    ResponderExcluir
  2. Cenair e uma alma de luz q conseguiu refletir sua gente.

    ResponderExcluir