segunda-feira, 25 de abril de 2011

CANTAR PARA MIM

No dia 20, deste mês, estivemos em São José, no Estado de Santa Catarina, cidade célula da Grande e belíssima Capital Florianópolis.  Quando digo estivemos, estou na posição de grupo, por mais uma vez estar, graças aos bons ventos que sopram ao meu favor, acompanhado não só musicalmente, mas também pelos fatores tantos que reúnem nossos carismáticos espíritos que deram nome ao Grupo: CURANDEIRO SILÊNCIO.
 Mesmo desfalcados do meu compadre Silvério Barcellos, que na data apresentou-se com seu encantador trabalho paralelo de Choros e Serestas, tivemos uma atuação bastante considerável no palco do restaurante do CTG Os Praianos.
 Cheguei à importante constatação que alcanço a cada dia que me dedico ao palco, onde quer que seja, o posicionamento de cantar em primeiro lugar para mim, como disse o saudoso Guido Moraes: " Cantar para mim, é um fatalismo telúrico, um determinismo da raça" e assim sendo: “eu canto pela mesma razão que obriga a calhandra a povoar o capão de coronilhas de rebanhos de notas e tropilhas de sons”.
Provavelmente a sensação de quem lê a colocação acima, de que canto em primeiro lugar para mim, pode ser de que manifesto descaso ao público e acaricio, quando ao  palco, o egocentrismo natural de quem registra arte e apenas se atira confete. Não amigos, a interpretação é a seguinte: acredito no que canto e na maneira que canto, portanto o  que se reflete a quem assiste é a verdade de um homem atrás do microfone com ideais e reflexões transformadas em versos e melodias, e obviamente cantando aquilo como a sua principal verdade, combustível do  que anda...  anda e anda... escrevendo nas páginas da arte, seu diário divulgado em som e palavras grafadas.
Arremato este texto comunicando a vocês leitores, que é muito satisfatório manifestar-me, aqui, de maneira lúcida. Ilustrando de maneira reflexiva o compromisso que aceitei e me orgulho.

Eu reconheço que o canto,
pode ser meu até o dia
em que percebe-se livre
e voa em voz de poesia...
alicerçado em raízes
de infinitos matizes:
"Alma, garra e melodia"...

 

3 comentários:

  1. Olá Lisandro,

    Muito interessante essa expressão do que é cantar para ti. Enquanto lia lembrei de um trecho de um texto do poeta Mario Quintana onde ele retrata, de certa forma, essa questão. Se me permites:
    "Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade', enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade'."

    Sucesso!!

    Abraço!!!

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  2. A cada dia que passa admiro mais tua postura como profissional e como pessoa Lisandro. Gosto muito da maneira como tu inspiras o campo e o traduz de forma tão concreta em tuas canções. Fico feliz que estejas feliz com a tua forma de expressar o dom que recebestes e espero, silenciosamente, que continues voraz nessa tua batalha. És um palanque Lisandro. Não caia. Grande abraço!

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  3. Boa tarde Lisandro, eu estava no seu show em São José e podes ter certeza que não cantasse só pra ti, acho que sei bem ao que estas se referindo e fico impressionada que apesar do "barulho" ainda assim a tua apresentação foi como sempre, "a melhor", podes ficar certo que os teus verdadeiros fãs cantaram contigo de coração pra coração...
    Até Lages
    Abraço
    Caroline Lehmkuhl
    Florianópolis/SC

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