quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entrevista concedida há uns anos atrás a Patrícia Berlanda do JORNAL RONDA GAÚCHA DE LAGES.

Como entrastes na música?
Deixei que a música entrasse em mim, ouvi o que o campo tinha a dizer e o que eu poderia dizer por ele e em nome dele.

Fala de ti fora dos palcos?
Ainda não me acostumei com a transformação que a música e, em especial, os meus discos fizeram na minha vida, ou seja, a visão que as pessoas têm e esperam de mim não é  a mesma que eu estava acostumado... procuro ser o mesmo, e às vezes mais atencioso que antes. Por isso convivo mais com a turma das campereadas mais que com a turma da música, e o lindo mesmo é quando podemos estar todos juntos!!! Tenho o vício de estar a cavalo ou, se possível, perto deles.
O q t fez Ter certeza q era isso q querias?
Tento levar a música de uma maneira natural e tranquila, assim como tudo começou. Arte emocional,  pressa e fabricação não podem andar juntas porque não combinam... a certeza que tenho é que devo ter respeito por aquele que ouve  e lê o que publico em meu nome e em nome da cultura que represento.

Qt tempo de carreira?
Comecei a escrever com 15 anos (1992) e gravei minha primeira música aos 20 (1997),  depois me atrevi a cantar no meu cd (À Moda Antiga 2001) e sem me preocupar com críticos que exigem e rotulam todos que gravam como cantores, aqui estou: consciente dos meus limites e satisfeito com o resultado! Porque na verdade, como escreveu Eron Mattos  - o meu verso há de fica pras vindouras gerações que nascerão neste solo...

Qual sua relação com o campo?
Nasci em família humilde residente na cidade e cujo trabalho também estava no meio urbano, mas como Bagé é totalmente rodeada de campo e tem no campo a principal fonte de renda, aos 11 anos em passeios a estâncias de amigos, comecei a conviver com detalhes, costumes e principalmente imagens do cotidiano campeiro. Principalmente o domador de cavalos pra serviços de campo. Nunca mais me afastei do campo nem ele de mim!

Sua identidade musical referências  gostos?
            Uma criança sofre várias influências até definir sua identidade, ou seja, seu estilo musical preferido. Tive a sorte de me deparar imediatamente com o verso dos poetas Jaime Caetano Braun, Aureliano de Figueiredo Pinto e a melodia totalmente regional do cantor e compositor Noel Guarany. Daí em diante, fui arquivando inconscientemente meu vocabulário crioulo, tendo nestes artistas a importante noção de autenticidade e compromisso com o lugar onde nasci e a partir dali começaria a representar também em forma de verso, opinião e melodia.

Como funciona a relação musico-rádio?
Não sou de andar pedindo bolada, mas sempre que me é dada a oportunidade de falar numa rádio, peço ajuda aos radialistas e produtores. Não para tocar a minha música pra que o meu cd seja vendido, mas sim para que sejam selecionadas com mais seriedade as músicas que principalmente as crianças ouvirão em casa e terão como referência de música gaúcha. Desculpem a franqueza mas tem muita gente atrás dos microfones mais por vaidade do que por compromisso e vocação!

Relação com novos compositores?
Sempre gostei que os meus conselheiros fossem sinceros comigo, e eles foram! Isso me tornou autocrítico,  e sincero demais na relação com novos compositores, classe ao qual ainda faço parte, porém é uma questão delicada porque sou muito exigente no que escuto e a minha opinião, quando solicitada¸ pode ser dura demais e não soar bem aos ouvidos de quem busca tapinhas nas costas... 
- Aquela conversa de “ que bonitinho o teu verso segue assim que tu vai bem” pode levar alguém com talento a lugar nenhum!

Em quem apostas?
A renovação é grande, porém ainda confusa! Prefiro apostar em quem chega sem pretensões de sucesso, palavra que não gosto,  e que se torna mais perigosa quando falamos de arte.

Acreditas nas críiticas do mesmismo nos festivais? Falamos sempre dos mesmos  temas, graças a riqueza do universo gauchesco, porém, os músicos precisam  trabalhar,  a maioria das cidades quer ter e às vezes tem o seu festival, quantos compositores neste momento estão trabalhando uma nova música? Não sei até onde vamos...

Cd novo

Tenho projetos importantes para este ano ainda em breve teremos notícias.

Mensagem

Fisicamente somos todos passageiros... nossos gestos é que ficam, registrados para os que virão! Sobreviver é necessário, mas viver é  o mais importante...

Internet

Muito importante tenho galopeado longe no lombo dela!!!

Eron Vaz Mattos

O homem mais digno que já conheci.

Cristian Camargo

O capincho meu cumpadi.

Marcelo oliveira

Já escrevi tudo no cd dele comprem e leiam depois botem o cd fora.
BRINCADEIRA

Leonel Gomez

Não deu bola para a crítica, cantou com sinceridade e está na alma de quem sabe ouvir!!!

Guilherme Collares

Temos muito em comum e muito em "incomum"! Nos  juntamos quando o tempo pede e nossas almas precisam falar juntas...


Festivais 1ª e qts musicas?

Primeira Um Regalo pra Don Mattos –Comparsa de Pinheiro Machado (1999) melodia do Cristian cantada pelo Jari Terres.  Quantas tenho? não sei! prometo contar um dia.

Planos pro futuro?

"Vamos devagar e sempre que a jornada é longa e o tempo não cansa"

Música fronteiriça?
Tento representar a minha fronteira (Brasil – Uruguai)  temos que conservar a sonoridade dela.

Vida peregrina? Se eu pudesse ir cantar a cavalo estaria mais feliz, mas chegaria sempre atrasado!

Comida? Gosto muito de cozinhar tanto que engordei 5 quilos depois que saí do quartel. Meu prato é carreteiro de churrasco. Ainda bem que tu não perguntou da bebida!!! 

Msg aos novos compositores q ainda não conquistaram seu lugar ao sol:
Responsabilidade para que possam olhar para trás e sentir orgulho de si!

Literatura

Aparício Silva Rillo, Aureliano de Figueiredo Pinto, Osires Rodríguez Castillos, Eron Vaz Matos, Pedro Ivan de Martins e Castro Alves...


À Moda Antiga, Querência e Caminho, Razões de Ser:

À moda antiga meu grito querendo apenas cruzar,
Querência e caminho um gesto de alguém cantando o viver
E agora eu tenho um pedido a quem quiser me escutar
Que beba o que teimo e trago na  minha razão de ser!

Inspirações para compor?

Sempre uma imagem repentina e uma vontade de fazer o tempo parar, mas como o tempo não pára, vou ao tempo que a imagem pede e falo por ela...

Os nomes que usas existem?

Alguns como: Alencastro, Gracilhano, Leovegildo, Altamir e Minga Blanco ainda vivos e a cavalo,  outros devem ter vivido como Marculino e Don Simão. Quem sabe?

Temas de guerra

Pra quem acredita há uma explicação espiritual que um dia mateando eu  conto a quem quiser perder um pouco de tempo comigo...

Saudades de um tempo de outrora? Com certeza vivemos e viveremos outras vidas devo ter deixado muito de bom nas vidas que já vivi...

2 comentários:

  1. Buenas Lisandro!
    Ao ler essa entrevista, tive denovo a certeza que não estava enganado da força do teu cantar e a pureza dos teus versos que brotam d'alma, e te agradeço, pois foi quando escutei teu primeiro disco,o "A moda Antiga" que tive um olhar diferente diante as coisas e imagens que o campo nos oferta...
    Que siga teu canto, antigo, guerreiro... abraço!!

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  2. embora esteja longe na distância mais com coração e alma sempre perto das coisa que se refere a tradição, costumes e historia do homem de "campo" ...pois que surge lizandro amaral talvez trazido pelo vento trazendo no seu pensamento toda essa inspiração e com certeza é um portal entre o presente eo passado .... parabêns por tudo que tu escreve..boa caminhada

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