Baseado em fato que ouvi de Eron Vaz Mattos
Aquarela do argentino Rodolfo Ramos -
Uma das capas do épico Don Segundo Sombra de Ricardo Guiraldes - Argentina
.
Chegara ao trote da tarde como um orgulho à existência sobre a luz
de um redomão. Bolicho de encruzilhada, domingo de carreirada e o Nelso o próprio
rincão. Ameaçava um chuvisco e o seu
lobuno um corisco, não repetia a pisada... guardando o olho dos xucros se
resvalava dos cusco e o Nelso a mesma mirada.
O quanto existe entre a cena de ver revolta melena dos vagos homens
do mundo? Pra que, na sombra da sombra, um andarilho se nombra mais que um
mistério fecundo?
Na copa inda seca do angico acalmou o redomão. E num "pssssiiiiiiiii
pssssiiiiiiiiuuu caálo” foi resvalando despassio
e deixando o poncho no abraço pra que não molhe o sustento. Ficou o sombrero na
gola e um maneião sem argola já vinha junto do pulso pra garantir que não solta.
Froxou a boca e o carinho foi cochichando baixinho sem prometer quando volta...
Nelso é o motivo do gole, e quando a tarde abre o fole, mesmo que
esteja nublada, a sede manda que beba e a lua então que receba o fogo azul da
alvorada.
O tirador e a chorona reconhecido na zona faziam voz de chegada...
um tinha som de bochincho o outro o rufo dos guinchos e marcas de
embuçaladas...
Eu nunca vi domador
Sem faca e sem tirador
Mesmo que morto em carona
É um luxo ver gineteando
Mesmo que rode peleando
Eu hei de ouvir-lhe as chorona.
Carteado, osso e três pencas... pastel, cigarros e encrencas - bem resolvidas ou não – Assombra o final da
hora e o Nelso arrastando a espora cambalhava ao redomão.
Dois tigres num mesmo idioma... um menestrel sem diploma, o outro
couro fumaça.
Lobuno olha e recebe como entender por que bebem no funeral de uma
raça...
Nelso resmunga um carinho, ata a boca e de mansinho desaba o corpo
de novo.
Lobuno olha e aceita como entender a receita que então derruba e
não mata. Nelso não perde o cabresto, de joelho ri do infesto e desmaneia
das pata.
Feito um portal de esperança, agarra o chapéu na gola - já apresilhada a maneia.
Mergulha então estrivado pra retornar ao reinado GIGANTESCO E
CRUZADOR.
Ameaçava um chuvisco e o seu lobuno um corisco, não repetia a
pisada...
Guardando o olho dos xucros se resvalava dos cusco e o Nelso:
A mesma mirada.
Fantástico!
ResponderExcluirOi Lisandro, a pintura é de Rodolfo Ramos,
ResponderExcluirSegue um link com vários pintores e suas obras:
http://www.taringa.net/posts/arte/16273927/Pintura-Gauchesca-Argentina-MegaPost.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito Bom!!!
ResponderExcluirUma das interpretações mais emocionantes, senão a mais, que já vi em nossa cultura. Da altura da de José Cláudio ao embargar a voz ao cantar Milonga Abaixo de Mal Tempo. Obrigado, Lisandro, por enriquecer de tal maneira nossa rica cultura, 'levando pro palco o pó do teu galpão'!
ResponderExcluirQue espetáculo de poesia
ResponderExcluir